O relatório de oferta e demanda do USDA desta sexta-feira veio para agitar o mercado — e não foi pouco. Todo mundo esperava que o órgão elevasse a projeção de produção de soja dos EUA para algo acima de *119 milhões de toneladas. O que aconteceu? O USDA **cortou a produção para 116,82 MMT*, um ajuste que contraria o consenso e, em tese, deveria dar suporte aos preços. Mas, na prática, o impacto foi contido porque o mercado estava muito mais focado em outro número: o milho.
E aí está o choque do dia: o milho nos EUA teve *a maior alta de produção já registrada em um único relatório, saltando de **398,93 para 425,26 MMT* — um ganho de 26,33 milhões de toneladas, puxado por um aumento brutal na produtividade, de 181 para 188,8 bushels por acre. Essa revisão muda radicalmente o balanço global, elevando estoques finais dos EUA em 27,5% e reduzindo qualquer temor imediato de aperto de oferta.
Além dos EUA, o relatório trouxe ajustes relevantes em outros players. A *Ucrânia* viu sua produção de milho subir 1,5 MMT, reforçando a oferta global. Já a *Argentina* foi destaque positivo nas exportações de milho, com alta de 0,8 MMT. No complexo soja, não houve grandes surpresas fora dos EUA, mas cortes marginais na produção da China e ajustes nos estoques finais globais reforçam um cenário de oferta ligeiramente mais apertado.
O contraste entre as duas culturas é marcante. A soja, com estoques finais americanos cortados de 8,44 para 7,89 MMT, mantém algum viés altista no médio prazo, especialmente se o clima nas próximas semanas não for perfeito. Já o milho sofre pressão imediata: com oferta tão abundante, o mercado deve enfrentar preços mais pesados no curto prazo, salvo algum evento climático inesperado ou explosão nas exportações.
Fonte: Notícias Agrícolas